A nona edição dos “Sons da Terra” mudou de espaço mas não mudou a sua matriz cultural de qualidade que faz a simbiose de sons autóctones de raízes mais urbanas com ruralidade de instrumentos genuínos como os adufes e bombos. A noite algo fria e ventosa não arrefeceu o entusiasmo de quem presenciou nem dos protagonistas.
A matriz musical dos “Sons da Terra” tem vindo a refinar-se de edição para edição e já vai na nona que teve lugar no passado sábado 9 de Julho no Largo do Mercado. A escolha deste espaço ao invés do espaço habitual no Largo da Praça e do horário passando para a noite, foi um risco assumido pela organização a cargo da Casa do Povo do Paul, que acabou por ser uma aposta ganha, pese embora, a noite um pouco fria e ventosa ter afastado alguns populares que ainda assim compareceram em número significativo no Largo do Mercado.
Com efeito, esta iniciativa foi mais um encontro da música e dos sabores da tradição. Ninguém pode ficar indiferente a esta abordagem da matriz cultural da freguesia com novas sonoridades de instrumentos musicais e de percussão que marcam a diferença. Gigantones e cabeçudos,deram outra tonalidade à festa.
Fusão de sons e de emoções
Sons da terra de todo o lado, ora foram tocadores bombos, caixas, gaitas de foles e pífaros, ora foram tocadoras de adufes, ora sentiam-se vibrações que entoaram sons próprios de quem conversa sobretudo com sons e voz, num espectáculo pleno de dinâmica e a conseguir surpreender os espectadores pela diversidade da polifonia e performance dos grupos Uxu Kalhus, grupo de Adufeiras e Bombos da Casa do Povo do Paul e em particular do grupo Tocándar. Este grupo ficou instalado nas instalações da Escola EB, 2,3 do Paul, uma colaboração activa e importante para a comunidade paulense e em particular para o movimento associativo que importa registar. Nascido no ano 2000 como projecto pedagógico e artístic
o, constituído por crianças e jovens da Marinha Grande, o Tocándar transporta para a actualidade a festa dos “Zés Pereiras”. Na rua ou em palco, o grupo apresenta um espectáculo que faz a fusão entre bombos, caixas e timbalões, passando pelos djambés, os caretos, os digeridos, os espanta espíritos, as estruturas metálicas e os bidões, onde convivem ambientes rítmicos tradicionais e contemporâneos, impregnados de energia juvenil.


Mas, antes do espectáculo acontecer durante a tarde o Largo do Mercado acolh
eu as oficinas de dança tradicional e de percussão e teve lugar uma pequena arruada pelo Grupo de Bombos da Casa do Povo do Paul, sendo que, as Adufeiras apresentaram mais uma lenga-lenga nova que certamente vai enriquecer o seu vasto reportório.

Mais-valia para a cultura
Para o director artístico dos Tocándar a sua vinda ao Paul foi muito positiva,” temos de continuar a realizar estas experiencias que são uma mais-valia para a nossa cultura. Tive o prazer de tocar com o grupo de Adufeiras e dos Bombos locas e parece que as coisas estão diferentes para melhores comparativamente com aquilo que presenciamos quando estivemos aqui pela primeira vez ”. Acho que a organização deu honras de palco àquilo que é a nossa identidade cultural. A expectativa era alta mas penso que conseguimos corresponder e para nós foi importante ter vindo aqui. Se as pessoas gostaram tanto de nós como nós gostamos do que fizemos então está tudo bem. Quero agradecer á organização por terem dado esta oportunidade ao grupo que dirijo.” Comentou Paulo Tojeira.
